A sociedade moderna e o Dia das Mães

Próximo domingo de maio é o Dia das Mães. A maioria das pessoas usa essa data como uma “desculpa” para dar presentes e passar um tempo com aquela(s) que considera como sua(s) mãe(s), seja de sangue, seja de criação. Tanto isso é verdade que no Brasil e nos Estados Unidos, o Dia das Mães é a segunda melhor data para o comércio, depois apenas do Natal. Muitas famílias também aproveitam a data para levarem suas mães a restaurantes, sendo enormes as filas de espera nos estabelecimentos nesse dia.
Mas será que é isso que nossas mães desejam de nós? Será que presentes mostram de fato os sentimentos dos filhos? Será que comida de restaurante mostra o valor que damos às nossas mães? 
Nas grandes cidades, as pessoas tem cada dia menos tempo para fazer coisas simples, como conversar de forma descontraída, passar uma tarde no parque sem ter hora para ir embora e passar tempo de qualidade com seus pais e mães. Mesmo o tempo de lazer, hoje parece ter hora marcada. São tantos eventos sociais, aniversários, festas, baladas com amigos, que, muitas vezes, temos que fazer um verdadeiro itinerário no fim de semana, participando de tudo, mas sem grande qualidade nessa “participação” e sem de fato estar se divertindo.
No meio de toda essa rotina e agenda de eventos sociais, muitas vezes, a culpa bate e a solução nos parece dar algum bem material como uma forma de demonstrar nosso apreço aos nossos familiares e amigos.
Às vezes, me pergunto quando será o tempo de desacelerar, colocar o pé no freio e começar a priorizar aquilo que realmente tem real valor interno para nós. Com a Internet, podemos “estar” em vários lugares ao mesmo tempo, mas parece que estamos em lugar nenhum. Talvez muitos no Dia das Mães estarão almoçando com elas em um restaurante, mas estarão no celular mandando mensagem para seus amigos, combinando a saída do fim da tarde. Estaremos lá com nossas mães, mas não estaremos ao mesmo tempo.
Isso quer dizer que não nos importamos com as nossas mães? Talvez não seja isso, mas talvez mostre muito mais que a maioria de nós estejamos perdidos nas prioridades de nossas vidas, sem saber realmente o que importa e o que nos faz felizes. Daqui dez anos talvez seja tarde demais para passar mais tempo com sua mãe, olhar no olho dela e ver além do óbvio.
As nossas relações tendem cada dia mais a quantidade e superficialidade do que qualidade. Já até se cunhou o termo “Amor Líquido” para as relações de hoje em dia. Basicamente, hoje em dia as pessoas sentem que tem muitas pessoas disponíveis para se ter uma relação. Se um pessoa não gosta de mim, para que vou me esforçar para que isso aconteça? Tenho muitas outras possibilidades. Você não fala comigo na Internet, mas tem 10 que falam. Logo, posso trocar com maior facilidade um pelo outro; não preciso ficar “insistindo” em uma relação só.
Só que como entra sua mãe nisso? Ela é “trocável”? Será que não estamos confundindo amor com outra coisa? Ou será que tudo mudou e eu que estou ficando velha e arcaica para perceber?
Só sei que no meio de toda essa confusão e esse texto que também sinto que está meio confuso, eu gostaria de propor a reflexão sobre o Dia das Mães. Espero que ele seja muito mais do que uma mera formalidade para dizermos que somos bonzinhos e gostamos de nossas mães, que ele seja muito mais que bens materiais e muitas mais do que mera presença física sem qualidade. E que o Amor nunca seja uma moeda de troca em nenhuma relação e nem líquido que se esvai por entre os dedos.

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