De médico e louco todo mundo tem um pouco!

Nos dias atuais, temos visto um número crescente de pessoas com algum distúrbio de ordem psicológica. Em especial, já se fala de que a depressão seja o mal do século XXI ou de que tenha se tornado uma espécie de epidemia.
Mas há ainda muito preconceito com as pessoas que vão ao psicólogo e principalmente ao psiquiatra. As pessoas que frequentam esses ambientes em geral são taxadas como loucas ou problemáticas. E acabam, por vezes, sendo excluídas de certos grupos de convívio. 
 Esse preconceito se baseia na falta de informação e conhecimento sobre o que de fato seja uma terapia ou do que sejam esses distúrbios. Um dos primeiros mitos é o de o que a pessoa sente é coisa da sua cabeça e que não está acontecendo nada fisicamente com ela. Na verdade, ela sente sim vários sintomas físicos como consequência de seu distúrbio. 
Por exemplo, uma pessoa que tenha síndrome do pânico, em uma crise, ela realmente tem um grande aumento dos batimentos cardíacos, tremedeira em partes do corpo e a respiração se torna ofegante. Esses sintomas são típicos de pessoas em face à um grande perigo, em que o corpo se prepara para lutar ou para fugir. Só que devido a algum problema, esses “alertas” são acionadas em uma hora errada, em que não há um perigo real. 
Um outro mito é de que a pessoa está fazendo frescura ou tendo chilique sem motivo. Isso é o que mais afeta negativamente uma pessoa que tenha qualquer distúrbio psicológico, só piora mais as coisas para ela. No geral, a pessoa nessa condição tende a se esconder e se fechar para tentar se proteger de críticas e por estar se achando um dos piores seres da face da Terra. 
Mais um mito é de que a pessoa que tem algum distúrbio psicológico não sabe se controlar ou não está se esforçando para melhorar. Os familiares, na tentativa de ajudar, por vezes, acabam dizendo coisas do tipo “Você precisa se controlar, você não pode ficar assim”, “Não tem motivo para você estar assim” ou “Você precisa parar de pensar essas besteiras”. 
Na verdade, os momentos de crise são apenas o ápice do problema e quando se torna evidente que a pessoa não está bem. Mas, muitas vezes, essas pessoas estão se controlando há muito tempo ou tentando melhorar sozinha e ninguém percebeu que ela já estava mal e não era de hoje. E, realmente, racionalmente, elas sabem que não tem um motivo identificável de imediato para o que está acontecendo. Não precisa ficar dizendo isso, só vai fazer a pessoa se sentir culpada.

Pode desenvolver um simples medo de tomar banho, achando que vai se afogar no chuveiro. Muitos acharão absurdo e tenderão a criticar, dizendo que não há qualquer motivo para ter medo de entrar embaixo do chuveiro. E a pessoa irá concordar completamente, mas ela simplesmente sente isso, não sabe como explicar o porquê e ponto final. 

Isso só para ficar com os mitos mais recorrentes. Mas e como que faz para sair disso? Primeira coisa para resolver qualquer problema na vida é a aceitação. Aceitar que realmente se tem um problema que precisa ser resolvido e que precisa de ajuda para resolvê-lo, pois não está conseguindo sozinho. A ajuda nesse caso é feita por profissionais, psicólogos e psiquiatras. Os psiquiatras, em geral, vão investigar as origens psíquicas do problema e poderão dar um diagnóstico baseado nos sintomas apresentados. Eventualmente, a pessoa passa por exames, como o eletroencefalograma. Diagnosticado o distúrbio, o psiquiatra pode ou não medicar o paciente para amenizar a sintomática. 
E aqui vale uma ressalva: nem todos os medicamentos receitados por psiquiatras são os conhecidos como “tarja preta” ou aqueles que podem “viciar” o paciente. Existem sim outras possibilidades com medicamentos controlados mas de tarja vermelho, sem a preocupação de uma dependência por parte do paciente. Nem todos os medicamentos deixam os pacientes “sedados” ou “abobados”. A maioria controla os sintomas, mas permite que a pessoa tenha uma vida completamente normal, com plenas faculdades mentais e disposição física. 
Muito comumente, o psiquiatra indica o paciente para fazer uma terapia com um psicólogo. Esse profissional, diferente do psiquiatra, não pode receitar nenhum medicamento. Basicamente, uma terapia é uma conversa com o psicólogo, na qual se tentará identificar o que gerou o distúrbio e, principalmente, como lidar com os problemas e situações da vida para não ter mais recaídas na mesma situação. Nessa “conversa” podem se aplicadas diversas técnicas pelo psicólogo para identificar as bases do problema vivida e tentar resolvê-lo. O psicólogo raramente falará claramente o que se deve fazer, como se fosse uma prescrição de um medicamento, mas induzirá de forma não explícita a pessoa a tomar atitudes que resolvam o problema.
Muitas pessoas fazem o tratamento por algum tempo e conseguem abandonar a medicação, tendo uma vida completamente normal. Outras, infelizmente, tem recaídas e acabam fazendo uso de medicamento por um longo período ou a vida toda. 
Quanto a terapia, é indicada que ela seja sempre mantida, pois as pessoas sempre tem problemas durante a vida toda e ter alguém que possa ajudar a desabafar e a enfrentá-los é um grande alívio. Defende-se que todas as pessoas, até as consideradas “normais” (sem distúrbios como depressão, síndrome do pânico, TOC, etc), façam terapia, pois evita o surgimento de tais situações e ajuda o bem estar geral da pessoa. 
Enfim, ir ao psiquiatra e ao psicóloga não torna a pessoa louca. Isso só indica que a pessoa se respeita e admite que tem problema que precisa ser tratado, assim como se tem um problema físico qualquer. 
E para finalizar a reflexão: O que é a loucura afinal? A loucura faz parte de cada um de nós!

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