Manifesto por uma Educação para a Cidadania Digital

No meu dia-a-dia de sala de aula, eu lido com muitos alunos que possuem diferentes conhecimento sobre a tecnologia. Com base nessa experiência, tenho pensado muito ultimamente o quanto seria relevante uma educação para a cidadania digital. É impressionante que, ao mesmo tempo, que cresce o acesso a tecnologia por parte das camadas menos favorecidas da sociedade, também crescem as dúvidas e as incertezas em como utilizá-la.
Um exemplo rápido que me vêm a mente é das aulas de Internet que ministro. São aulas básicas para “aprender” a usar o navegador, o e-mail e acessar sites. Porém, percebi que a demanda não se restringe a apenas isso. Há uma gama muito maior de assuntos que possuem uma relevância e que se quer fazem parte do “imaginário” dos meus alunos. Introduzi alguns assuntos mais de “alto nível” e percebi o quanto isso aguça a curiosidade das pessoas. Tanto que essas duas aulas foram as que mais tiveram perguntas e participação dos alunos, tamanha a dúvida que paira.
Apesar de ouvirmos comumente falar sobre vírus de computadores, hackers invadindo computadores e roubando informações, empresas fazendo bilhões no “mercado da Internet”, para o público leigo, isso tudo é um grande mistério. As questões vão desde o que é um vírus e como eu o pego no meu computador até como uma empresa como o Facebook ganha tanto dinheiro na Internet. São questões complexas e de dimensões distintas, mas que fazem parte do imaginário das pessoas. E mesmo daqueles usuários de tecnologia com um bom tino para tecnologia e os tais nativos digitais, que nasceram imersos nesse universo.
Saber como fazer alguma coisa no computador ou na Internet temos visto que será um desafio superado em alguns anos com a chegada dos nativos digitais ao mercado de trabalho e, inclusive, como professores das novas gerações. Porém, uma coisa é o “saber fazer” mecânico, tecnicista. Muito mais difícil é ter um uso crítico da tecnologia, entender o que está por trás, pensar o que pode ser diferente. Como ser um cidadão pleno nos dias atuais sem um reflexão crítica do que significa a tecnologia para o nosso mundo?
As aulas de informática das escolas precisam mudar. Deixarem de ser um simples treinamento de como usar a tecnologia e ampliarem seu escopo. Saber fazer é sim importante, mas as novas gerações tem tirado isso de letra. Agora é preciso pensar criticamente o significado da tecnologia para o mundo atual e preparar esses novos cidadãos que são cada dia mais digitais. E cada dia mais a cidadania será apoiada pela tecnologia e ser um cidadão pleno significará saber usar a tecnologia e o meio digital de uma forma crítica e questionadora.
A cidadania plena passa pelo questionamento do qual é o papel da tecnologia no mundo atual e a educação tem um papel primordial na formação de cidadãos. Que a educação agregue a cidadania digital como uma de suas preocupações desse século XXI.

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